• Home
  • Política
  • Nova tarifa americana pode gerar prejuízo bilionário à indústria paulista

Nova tarifa americana pode gerar prejuízo bilionário à indústria paulista

A nova tarifa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto, deve atingir em cheio a economia de São Paulo, estado que lidera as exportações brasileiras para o mercado norte-americano. A sobretaxa, anunciada pelo presidente Donald Trump no início de julho, acendeu um alerta em diversos setores produtivos e gerou repercussões políticas em território nacional.

São Paulo será o estado mais penalizado por tarifaço de Trump.(Foto: Etienne DE MALGLAIVE/Gamma-Rapho)

Dados da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) revelam que, somente no primeiro semestre deste ano, São Paulo foi responsável por quase um terço de todas as exportações do país aos EUA — US$ 6,4 bilhões, ou 31,9% do total. O Rio de Janeiro aparece em segundo lugar, com 15,9% (US$ 3,2 bilhões), seguido por Minas Gerais (12,4%), Espírito Santo (8,1%) e Rio Grande do Sul (4,7%).

Entre os produtos mais afetados pela nova tarifa estão itens de alta relevância para a indústria paulista, como aeronaves — com destaque para as exportações da Embraer —, sucos de frutas e equipamentos de engenharia. Também figuram na lista de produtos brasileiros mais vendidos aos EUA o petróleo bruto, celulose, café e carne bovina.

Descompasso político

O impacto direto da medida sobre o setor produtivo paulista colocou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em uma posição delicada. Inicialmente, ele criticou o governo federal e atribuiu à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a responsabilidade pelas sanções comerciais. No entanto, diante da crescente pressão do setor econômico local e da dimensão do prejuízo ao estado, Tarcísio recuou. Em um gesto que surpreendeu aliados, passou a defender uma atuação conjunta com o governo federal e elogiou os esforços diplomáticos conduzidos pela gestão petista.

A mudança de tom, contudo, gerou atritos com a ala bolsonarista mais radical. O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos, chegou a criticar o governador, mas posteriormente afirmou que ambos “já se entenderam”, tentando conter a crise entre antigos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Balança comercial desequilibrada

Embora as exportações brasileiras aos Estados Unidos tenham crescido 4,4% no primeiro semestre de 2025, totalizando US$ 20 bilhões, o saldo da balança comercial permanece favorável aos americanos. No mesmo período, o Brasil importou US$ 21,7 bilhões em produtos norte-americanos, o que representa um aumento de 11,5% em relação ao ano anterior e um déficit de US$ 1,7 bilhão.

O desempenho comercial com os EUA supera o obtido com outros grandes parceiros. Enquanto as vendas para os americanos aumentaram, houve queda nas exportações brasileiras para a China (-7,5%) e para a União Europeia (-2,6%). Apenas a Argentina registrou alta superior, com crescimento de 55,4%.

A ameaça tarifária de Trump, baseada em acusações de práticas comerciais desleais, ocorre em um cenário no qual os EUA têm obtido superávits sistemáticos nas trocas com o Brasil desde 2009. O movimento é visto por analistas como uma tentativa de impor barreiras unilaterais em meio a um ambiente global já pressionado por disputas geopolíticas e protecionismo.

Indústria apreensiva

Setores como o aeronáutico, o agrícola e o de bens de capital acompanham com apreensão os desdobramentos da crise. O receio é que a tarifa comprometa a competitividade dos produtos brasileiros, prejudique empregos e afete investimentos planejados para o segundo semestre.

Para enfrentar o impacto da medida, o governo federal anunciou articulações com entidades empresariais, sindicatos e governos estaduais. Também estuda acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) e utilizar mecanismos legais de retaliação, caso as tarifas avancem sem negociação.

A crise tarifária se soma a outras tensões entre Brasília e Washington, envolvendo desde disputas digitais até questionamentos sobre políticas ambientais. Em meio à turbulência, resta ao Brasil buscar equilíbrio entre a proteção de seus interesses comerciais e a preservação das relações diplomáticas com um de seus principais parceiros econômicos.

  1. Dólar dispara após tarifaço de Trump

  2. Chantagem comercial

  3. Lula regulamenta Lei da Reciprocidade contra tarifaço dos EUA

Clique aqui para acessar a Fonte da Notícia

VEJA MAIS

Presidente do PL em MT vê operação como tentativa de “constranger” Bolsonaro

O presidente do Partido Liberal em Mato Grosso, Ananias Filho, afirma que recebeu com “surpresa…

Polícia prende mais dois envolvidos em tentativa de latrocínio contra ex-prefeito

Polícia prende mais dois envolvidos em tentativa de latrocínio contra ex-prefeito – CenárioMT …

Denunciada por abrigos precários, Prefeitura formaliza ‘Inverno Acolhedor’

Na mira do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por situação precária nos…