Mesmo depois de afirmar que não havia mais espaço para negociações, Donald Trump atrasou em um mês a aplicação das tarifas sobre produtos importados e do México e Canadá.
Depois de muita conversa entre as partes, os canadenses e americanos chegaram a um acordo sobre as taxas, que passarão a valer no dia 2 de abril.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, tinha prometido retaliar as decisões de Trump, algo que irritou o americano, que insiste em falar que quer anexar o país e transformá-lo no quinquagésimo primeiro estado americano.
Além de reações do governo federal, a província canadense de Ottawa anunciou tarifas de 25% sobre a exportação de energia para os estados de Michigan, Minnesota e Nova York. A região compra parte da produção energética de usinas canadenses, e mesmo com o recuo americano, essas taxas serão mantidas.
Sobre as tarifas em veículos do Canadá e México – também alteradas para o dia 2 de abril – Trump afirmou que não vê possibilidade de haver um adiamento ainda maior. O republicano reforçou que os tributos sobre alumínio e aço não serão alterados e passam a valer no dia 10 de março.
Trump também negociou com a presidente do México, Claudia Sheinbaum.
Em tom amigável, o presidente americano afirmou que tomou a decisão em respeito à Sheinbaum. Disse que a relação entre os dois tem sido boa e que agora estão trabalhando juntos para reforçar a segurança na fronteira.
Em postagem nas redes sociais, Sheinbaum agradeceu e chamou a decisão de respeitosa.
Muchas gracias al presidente Donald Trump. Tuvimos una excelente y respetuosa llamada en la que coincidimos en que nuestro trabajo y colaboración han dado resultados sin precedentes, en el marco de respeto a nuestras soberanías. Continuaremos trabajando juntos, particularmente en… pic.twitter.com/JzD9jkm8tz
— Claudia Sheinbaum Pardo (@Claudiashein) March 6, 2025
O atraso nas tarifas vale para produtos cobertos pelo acordo assinado entre Estados Unidos, Canadá e México durante o primeiro governo Trump. A presidente mexicana afirmou que o tratado cobre praticamente todos os produtos vendidos aos Estados Unidos.
Com a movimentação incerta sobre as taxas, os consumidores americanos se tornam mais inseguros sobre os rumos da economia e já passam a poupar mais, temendo um aumento nos preços. A expectativa de varejistas é que esse movimento faça o consumo da população crescer menos do que o esperado neste ano.
A falta de uma meta definida sobre o uso das tarifas também faz a incerteza crescer na política comercial. O índice de incerteza no setor atingiu o pico desde 1995.
Isso é percebido no mercado financeiro. As reações negativas continuaram nesta quinta, com as bolsas americanas fechando em queda e o dólar perdendo força ao redor do mundo. Desde que Trump assumiu, a Nasdaq recuou 7% e a S&P caiu mais de 4%.