O ex-ministro da Agricultura Neri Geller afirmou que o radicalismo político fez o agronegócio perder espaço nas decisões do governo federal. Em entrevista ao podcast Política de Primeira, do Portal Primeira Página, ele disse que a postura de confronto de parte do setor nos últimos anos afastou o diálogo institucional com Brasília.
“O setor do agronegócio, em função do radicalismo que imperou, perdeu muito o protagonismo de sentar à mesa e resolver os problemas”, afirmou. “As peças estão começando a se ajustar, a democracia prevaleceu, e é importante que seja assim. Se for para contestar um ministro, que se faça pelas vias legais. É para isso que existem os senadores.”
Veja trecho no vídeo abaixo:
Segundo o ex-ministro, a radicalização política contaminou o debate sobre temas essenciais, como crédito agrícola, infraestrutura, habitação e qualificação de mão de obra — pontos que ele considera centrais para o desenvolvimento do setor.
“Tem muita gente que passou o dia inteiro fazendo média nas redes sociais e esqueceu de discutir o que realmente importa. O agro precisa cuidar dos problemas concretos, não de lacrar na internet.”
Agro precisa reconstruir pontes
Geller defende que o agro volte a dialogar com todos os governos, independentemente da ideologia. “A eleição dura 45 dias; depois disso, é hora de construir convergência”, disse. Para ele, tanto governos de esquerda quanto de direita implementaram políticas fundamentais para o campo, citando programas de crédito, modernização tecnológica e expansão de mercados externos.
“A gente aprovou biotecnologia, renegociou dívidas, criou o Programa de Construção de Armazéns e abrimos mercados em mais de 20 países. Tudo isso com diálogo. O agro sempre cresceu quando teve voz na mesa, não quando virou palanque político.”
Ele destacou ainda que a falta de diálogo com o governo federal nos últimos anos enfraqueceu a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que, segundo ele, perdeu protagonismo em pautas técnicas. “A FPA precisa voltar a discutir crédito, logística, moradia, não apenas ideologia. O radicalismo tirou o agro do centro da formulação de políticas públicas.”
Defesa da democracia e críticas ao Judiciário
Mesmo crítico do atual governo, Geller reafirmou que a defesa da democracia é inegociável. Ele declarou ser contra a anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro, mas defendeu revisão das penas aplicadas.
O ex-ministro também criticou o ativismo judicial e a superexposição do ministro Alexandre de Moraes. “O Judiciário precisa de limites. O ministro Alexandre teve méritos, mas virou popstar. Magistrado não é político. Justiça se faz com equilíbrio e não com holofote”, disse.
Assista o episódio na integra:
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TSE forma maioria e Neri Geller tem seus direitos políticos devolvidos