Padre Lanciotti foi assassinado em 2001, em Mato Grosso, por dois homens encapuzados, segundo investigações policiais. Ele faleceu em São Paulo, após mais de uma semana de internação hospitalar devido aos ferimentos.
Sua trajetória missionária no Brasil começou no início dos anos 1970, e ele passou décadas em Jauru, onde se tornou conhecido por suas denúncias contra tráfico de drogas, exploração de menores e esquemas de prostituição. Segundo a Arquidiocese de Cuiabá, ao confrontar “interesses escusos”, ele se tornou “alvo de perseguições e intimidações”.
Padre Lanciotti fundou a Paróquia Nossa Senhora do Pilar na região e criou 57 comunidades eclesiais, além de escolas e centros comunitários de saúde.
“Ele é um padre bastante conhecido no campo da Igreja Católica, fez várias atividades em Mato Grosso”, afirma o antropólogo Rodrigo Toniol, da UFRJ. O docente acrescenta que a investigação sobre seu assassinato nunca foi conclusiva.
Toniol compara o caso de Lanciotti com o da irmã Dorothy Stang, assassinada em 2005 por denunciar crimes no Brasil rural. Para ele, a beatificação de Lanciotti demonstra a presença da Igreja Católica em regiões remotas, atuando como “guarda da comunidade”.
O antropólogo destaca que o gesto do Papa Francisco, anunciado na segunda-feira (14), evidencia a atenção da Igreja para a América do Sul e pode ser interpretado como um “aceno político”.
No mesmo dia, o pontífice reconheceu as “virtudes heroicas” do arquiteto modernista Antoni Gaudí, responsável pela igreja Sagrada Família em Barcelona, etapa inicial do processo de santificação.