A Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) publicou, nesta sexta-feira (11), portaria que afasta por 60 dias o procurador Luiz Eduardo de Figueiredo Rocha e Silva, investigado pelo assassinato de Ney Müller Alves Pereira, homem em situação de rua, ocorrido na noite de quarta-feira (9), em Cuiabá.
A decisão foi oficializada no Diário Oficial Eletrônico e inclui a abertura de processo administrativo disciplinar. O afastamento é preventivo, para que o servidor não interfira nas investigações e poderá ser prorrogado por igual período. A Corregedoria-geral da ALMT acompanhará o caso.
O crime
O assassinato de Ney Müller, de 42 anos, ocorreu nas proximidades da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Segundo testemunhas e imagens de câmeras de segurança, o procurador dirigia uma Land Rover de luxo quando chamou a vítima. Ao se aproximar do carro, Ney foi atingido por um disparo na cabeça e morreu no local.
O autor do crime, Luiz Eduardo, se entregou à polícia horas depois e foi preso. Ele foi submetido a audiência de custódia e teve a prisão convertida em preventiva. A Polícia Civil investiga o caso como homicídio qualificado por motivo fútil.
Luiz Eduardo será transferido para a Penitenciária Major Eldo de Sá Corrêa, em Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá, onde, segundo informações da Polícia Civil, há estrutura adequada para recebê-lo.
A mãe de Ney, Iracema Alves, afirmou que o filho era diagnosticado com esquizofrenia e contestou a versão apresentada pela defesa do procurador.

Servidor público e salário de R$ 44 mil
De acordo com o Portal da Transparência, Luiz Eduardo é procurador efetivo da ALMT desde 2015, com carga horária de 30 horas semanais e salário mensal de R$ 44 mil. Em 2023, ele recebeu o título de cidadão mato-grossense em reconhecimento aos serviços prestados.
O crime chamou atenção não apenas pela violência, mas também pelo perfil do autor: um servidor público sem antecedentes criminais, com estabilidade financeira e reputação profissional reconhecida.
Defesa fala em incidente e nega execução
A defesa do procurador, representada pelo advogado Rodrigo Pouso, argumenta que o disparo foi acidental. Segundo ele, a vítima teria danificado o carro do procurador em um posto de gasolina momentos antes do crime. Ao reencontrá-la, houve uma reação impulsiva.
O advogado nega que tenha sido uma execução premeditada, alegando que o tiro foi disparado no momento em que a vítima teria se abaixado para atacar o carro. A defesa afirma que o procurador está arrependido e irá colaborar com a Justiça.
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