Campo Grande está sediando o Seminário Internacional da Rota Bioceânica e o 6º Foro de los Gobiernos Subnacionales del Corredor Bioceánico. Durante a abertura do evento, na noite dessa terça-feira (18), no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, alguns prazos foram reforçados para a concretização da megaestrada que vai ligar Mato Grosso do Sul aos portos do Chile no oceano Pacífico passando pelo Chaco paraguaio e pela Argentina.
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Principal gargalo, a construção da ponte binacional entre Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta (Alto Paraguay) tem avanço de mais de 65% e deve ser concluída no primeiro trimestre de 2026, segundo o MOPC (Ministério das Obras Públicas e Comunicações) do Paraguai. A travessia terá extensão de 1.294 metros, dividida em três partes: duas constituirão os viadutos de acesso em ambas as margens do rio; e uma corresponderá à parte estaiada, com 632 metros, com vão central de 350 metros.

Em paralelo, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, falou sobre as obras do lado brasileiro: implantação e pavimentação do acesso à ponte internacional sobre o rio Paraguai, contorno rodoviário de Porto Murtinho na BR-267/MS – de pouco mais de 13 quilômetros – e centro aduaneiro de controle de fronteira.
“Se não tiver chuva, nós temos condições, já no final de 2026, inaugurar a alça, que é muito longa, uma obra de engenharia muito complexa, porque é suspensa. Se a chuva não permitir, início de 2027. Com isso já vem junto a alfândega e já falamos com o ministro da Justiça sobre a segurança de fronteira. Isso vai trazer muita riqueza, não só para Mato Grosso do Sul e o Brasil, mas para os países vizinhos”, declarou Simone Tebet.
No lado paraguaio, as obras de pavimentação de 225 quilômetros da parte final da PY-15, conhecida como Picada 500, entre Mariscal Estigarribia e Pozo Hondo, na fronteira com a Argentina, devem ser concluídas junto com a ponte, em 2026. O projeto compreende, além do asfalto na rodovia, a construção e instalação do Centro de Controle de Fronteira em Pozo Hondo, dois postos de pesagem e pedágios.

Outro trecho que falta asfaltar na Rota Bioceânica é o de pouco mais de 20 quilômetros na Argentina, logo após a fronteira com o Paraguai em Misión La Paz. Ao Primeira Página, a presidente-executiva do Fonplata – Banco de Desenvolvimento, Luciana Botafogo, afirmou que isso ainda está em negociação com o governo argentino.
“Se tudo der certo, vamos aprovar o projeto em junho deste ano. A gente precisa fazer essa negociação, mas existe essa vontade, tanto da província de Salta quanto do governo argentino. Começando este ano, são de três a quatro anos de obra. Aí completa o trecho todo”, garantiu Luciana Botafogo.
A presidente do banco de desenvolvimento das cinco nações da Bacia do Prata destacou também que a segunda ponte sobre o rio Pilcomayo – entre Pozo Hondo (Paraguai) e Misión La Paz (Argentina) está em fase de projeto executivo.
O seminário
O Seminário Internacional da Rota Bioceânica em Campo Grande, que segue até quinta-feira (20), reúne autoridades e participantes do Brasil, Paraguai, Argentina, Chile e outros países. No discurso durante a abertura, o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, declarou que os países terão desafios muito grandes pela frente.
“Foi dito que a integração física era o primeiro passo, e que a integração digital é fundamental. Mas a fluidez dessa rota no mesmo nível que as relações estão se estabelecendo, de fraternidade e aprendizado uns com os outros, é um desafio para as nossas diplomacias”, afirmou o chefe do Executivo sul-mato-grossense.
Nesse sentido, o presidente da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul), Sérgio Longen, pontuou que reduzir a burocracia aduaneira será fundamental para garantir a competitividade da Rota Bioceânica no futuro.
“Se não avançarmos na modernização dos trâmites alfandegários, corremos o risco de ver esse grande projeto esbarrar em barreiras criadas por nós mesmos. Vamos economizar tempo com a rota, mas precisamos nos preocupar com a forma como a carga será movimentada, quer na saída do Brasil, quer na chegada em cada um dos países envolvidos. Cada governador que está aqui hoje tem o papel fundamental de reduzir esses entraves nos seus estados, para que não se criem burocracias além daquelas que já existem”, frisou Longen.
VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETO DO SEMINÁRIO
A Rota Bioceânica
O Corredor Bioceânico de Capricórnio tem 3.320 km de extensão, que conectará o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, passando por Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. Só de Campo Grande ao litoral do Chile, são cerca de 2,5 mil quilômetros passando por: Porto Murtinho (MS); pelo Chaco paraguaio de Carmelo Peralta a Pozo Hondo; pelo norte da Argentina em cidades como San Salvador de Jujuy e Salta; por San Pedro de Atacama até os portos chilenos de Iquique e Antofagasta.
Esta rota promete transformar a logística regional e global, trazendo uma série de benefícios econômicos e operacionais para os países envolvidos.
