As novas tarifas anunciadas pelo ex-presidente Donald Trump voltaram ao centro das atenções do mercado e da política internacional essa semana.
As medidas, que já eram amplamente esperadas desde a posse do republicano, não causaram estranheza e nem reações fortes do mercado nos últimos dias.
A recente decisão de Trump de impor uma tarifa de 25% sobre o aço importado foi a primeira do novo governo americano a afetar diretamente o Brasil, um dos maiores exportadores do produto para os Estados Unidos.
Em conversa ao CNN Entrevistas, Caio Megale, economista-chefe da XP, pontua que essa já era uma medida esperada.
Em entrevista exclusiva para a CNN que vai ao ar neste sábado (15), o economista-chefe analisou os desdobramentos dessa política tarifária do governo Trump e os possíveis impactos para o Brasil.
“Todo mundo tinha isso no radar, porque foi o que aconteceu lá atrás. Acho que temos que separar a estratégia do governo Trump em dois objetivos: um deles é proteger a indústria nacional, e nesse caso, uma tarifa elevada é incondicional. Mas também há tarifas que são usadas como ameaça para conquistar outros objetivos, como foi o caso do México e do Canadá”, explica Caio.
O Brasil já esteve envolvido em medidas protecionistas semelhantes durante o primeiro governo Trump, o que levou os dois países às negociações e ajustes no comércio bilateral. Agora, o mercado ainda avalia se há espaço para diálogo ou se essa tributação será mantida de forma definitiva.
Guerra comercial e o risco de inflação global
Além das tarifas sobre o aço, Megale alertou para os efeitos mais amplos de uma possível escalada protecionista entre os Estados Unidos e outras potências econômicas, como China e União Europeia.
“Se tivermos uma guerra comercial muito agressiva, provavelmente o mundo vai crescer menos e ter mais inflação. Um mundo que cresce menos comprando menos os nossos produtos. Não são apenas os Estados Unidos, mas também a Europa, a Ásia e, principalmente, a China”, diz.
Na entrevista, o economista lembrou que uma recessão na China, um dos maiores compradores de commodities brasileiras, pode afetar diretamente a economia nacional, prejudicando setores como o agronegócio e a mineração.
Tarifa de reciprocidade
Nesta quinta-feira (15), Trump também anunciou uma tarifa recíproca de importação aos parceiros comerciais, que pode afetar o etanol brasileiro já que, para o presidente americano, há falta de reciprocidade no comércio entre os dois países.
A medida reforça a estratégia do republicano de pressionar os principais parceiros para alcançar melhores condições para produtos americanos.
O Brasil tem sido um dos principais exportadores de etanol para os EUA, e a nova tarifa pode afetar diretamente o setor sucroalcooleiro. Para Megale, essa estratégia de “reciprocidade” pode ter um efeito cascata em outras commodities.
A entrevista completa com Caio Megale vai ao ar neste sábado (15), no CNN Entrevistas, com análises sobre os efeitos dessas medidas no cenário econômico internacional e no Brasil.
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