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Tarifas vão desorganizar cadeias globais de valor, diz Pessôa ao WW

Para Samuel Pessôa, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV) e chefe de pesquisa da Julius Baer Brasil, “o cenário é péssimo” para a economia mundial frente às tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O economista afirmou ao WW que “as tarifas vão desorganizar as cadeias globais de valor”.

A lógica apresentada por Pessôa é a seguinte: desde os anos 1990, as cadeias de produção foram pulverizadas pelo mundo.

Desde então, um celular, por exemplo, não é fabricado inteiro em um só lugar. O projeto é feito num lugar, o software no outro e os componentes materiais dele em outros vários.

“O mundo é todo interligado, e nesse mundo interligado, a tarifa gera uma desorganização imensa. Vai ter que reorganizar [as cadeias de produção globais]”, disse ao WW.

A partir desta quarta-feira (12), entram em vigor tarifas de importação para aço e alumínio comprados do estrangeiro pelos EUA.

A guerra comercial de Trump, porém, não para por aí. No começo de abril, a gestão republicana deve anunciar uma rodada de tarifas recíprocas aos parceiros comerciais norte-americanos.

Pessôa avaliou o diagnóstico e, consequentemente, o remédio aplicado como incoerentes. O pesquisador apontou para dois problemas que Trump levantou, mas que não casarim com as tarifas como solução: a indústria ter “deixado” o país e o déficit comercial norte-americano.

No caso das fábricas, o economista afirmou que o que aconteceu é que o país mudou de perfil. Caso tivessem sido de fato abandonados pela indústria, como o republicano diz, Pessôa argumenta que os EUA não teriam o nível baixo de desemprego registrado atualmente.

“Isso é esquisito, porque os Estados Unidos estão a plena carga [de emprego]. Não tem indústria que foi embora. Parte foi embora, mas a mais nobre está toda lá no Vale do Silício”, argumentou o economista da FGV.

“[Ele diz:] ‘Ah, mas os Estados Unidos perderam emprego pra China’. Mas não perdeu emprego para o trabalhador chinês, provavelmente para robô chinês. O problema não é geográfico, é de adaptação à tecnologia. Muito daquele [emprego do] trabalhador chão de fábrica, esse emprego foi substituído por robô.”

Já para o déficit comercial, Trump deveria pensar em outra solução, segundo Pessôa. O problema é que, paralelamente, outras medidas ventiladas pelo presidente dos EUA jogam contra suas intenções de melhorar o indicador.

“Tarifa não resolve isso, o único jeito do déficit comercial americano cair é ou eles produzirem mais e não consumir ou eles pouparem mais. A tarifa não vai fazer nem uma coisa e nem outra, é um instrumento microeconômico que muda a natureza da produção”, explicou o pesquisador da Julius Baer.

“A única maneira é aumentar a poupança pública, e Trump não está nessa direção. Tem uma série de desonerações que ele vai renovar, e isso vai piorar a situação fiscal. Talvez as tarifas ajudem um pouco nesse sentido, mas sou cético”, concluiu.

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