A prefeita de Várzea Grande, Flávia Moretti (PL), completou 100 dias de gestão enfrentando o que ela mesma classificou como “uma cidade que cresceu muito e com muitos gargalos”. Em sua primeira avaliação pública do período, Flávia destacou avanços nas áreas financeira, da saúde e da educação, mas reconheceu pendências — entre elas, a promessa de campanha de resolver o problema histórico da falta de água, que continua sem solução definitiva.
Segundo a prefeita, o início do mandato foi marcado pela necessidade de equilibrar as finanças do município. Flávia afirma que sua equipe identificou cerca de R$ 144 milhões em dívidas da gestão anterior e que 61% desse total já foi pago.
“Pagamos com economias, negociações e colocamos as contas em dia com fornecedores, inclusive nas áreas mais sensíveis como medicamentos e serviços públicos”, declarou.
Água: promessa no papel e longe das torneiras
A principal bandeira da campanha de Flávia — e do vice-prefeito Tião da Zaeli — foi resolver o problema da falta de água em Várzea Grande. A proposta central é a concessão do Departamento de Água e Esgoto (DAE), atualmente em fase de estudo. Mas, no início da gestão, ela anunciou algumas medidas emergenciais, como a criação de um Comitê de Crise e a elaboração de um plano emergencial para melhorar a captação, o tratamento e a distribuição de água no município.

Flávia anunciou a contratação da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) para realizar um diagnóstico técnico e financeiro da concessão. O prazo estimado para conclusão do estudo é de um a um ano e meio.
Aos 93 dias de governo, Moretti anunciou a contratação da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) para realizar um diagnóstico da concessão, com previsão de conclusão em um ano ou um ano e meio.
A proposta, no entanto, enfrenta resistência na Câmara de Vereadores. O presidente da Casa, Wanderley Cerqueira, criticou o modelo, alegando risco de aumento das tarifas.
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Saúde: fila zerada e ampliação nas UBS
Outro foco da gestão tem sido a saúde pública. A prefeita afirma que houve ampliação do corpo clínico nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e adesão ao programa Fila Zero, do governo estadual.
“No primeiro dia do Fila Zero fizemos 60 cirurgias de catarata. Tinha idoso esperando há oito anos”, disse.
Ela também afirmou que já iniciou conversas com o governo estadual para viabilizar a construção do Hospital Municipal de Várzea Grande, uma promessa de campanha. Enquanto isso, a obra da nova maternidade com mais de 100 leitos deve começar em breve, segundo a prefeita.
Educação, moradia e urbanização
Na área da educação, Flávia disse que ampliou mais de 1.200 vagas na rede municipal e que investe em escolinhas esportivas. Também anunciou que pretende entregar 8 mil títulos de regularização fundiária até o fim do ano e que já iniciou o processo para implantação do Parque Tecnológico de Várzea Grande.
“Estamos buscando recursos e garantindo novas unidades habitacionais e a reurbanização de áreas onde vivem 2 mil famílias”, completou.
Crises políticas e mudanças no secretariado
A relação de Moretti com a Câmara de Vereadores tem sido tensa, com acusações de falta de diálogo e de não cumprimento das promessas de campanha.

A prefeita enfrentou três baixas no secretariado, incluindo a exoneração do marido, Carlos Alberto de Araujo do cargo de Secretário de Assuntos Estratégicos. A exoneração ocorreu em cumprimento a uma lei que proíbe a nomeação de parentes para cargos comissionados ou funções gratificadas.
“Como advogada, respeito os processos. A exoneração foi para que ele tivesse liberdade de defesa. E já mostrou que não tem envolvimento”, justificou.

Em fevereiro, o secretário de Assistência Social de Várzea Grande, Gustavo Henrique Duarte, foi preso pela Polícia Federal em uma operação que apura a divulgação de notícias falsas durante as eleições estaduais de 2022.
A cientista política, Cristiane Fonseca, fez uma análise dessa nomeação. (Veja o vídeo abaixo).
O secretário de Assistência Social, Gustavo Henrique Duarte, também foi exonerado após uma operação da Polícia Federal.
O relacionamento com o vice-prefeito Tião da Zaeli também teve momentos de tensão, mas a prefeita assegura que a situação foi resolvida. “Tivemos um desentendimento, que não foi o primeiro e talvez não seja o último. Pensamos diferente, mas caminhamos juntos”.
Ela reafirmou apoio à eventual candidatura de Tião à Assembleia Legislativa: “O que ele quiser ser, eu vou apoiar. Já era um alinhamento antigo entre nós”.
Especialistas apontam que o isolamento político da prefeita pode prejudicar a governabilidade da cidade.