Com uma fita adesiva na boca, o vereador Rafael Ranalli (PL) entrou em silêncio no plenário da Câmara Municipal de Cuiabá, nesta terça-feira (5), mas com um recado: quer o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O protesto inusitado marcou o retorno dos trabalhos legislativos.
Nas redes sociais, Ranalli publicou um vídeo afirmando que apresentará uma moção de repúdio contra o ministro. Segundo ele, a iniciativa será realizada “junto à sociedade de bem” e tem como objetivo pressionar os senadores mato-grossenses a se posicionarem contra decisões recentes do STF.
“Impeachment já! Convocamos nossos senadores para que não se acovardem. A justiça e o Brasil precisam disso”, declarou o vereador, fazendo referência direta à prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, determinada por Moraes após o ex-presidente descumprir o uso obrigatório da tornozeleira eletrônica.
A decisão do STF faz parte das investigações em curso sobre supostos atos antidemocráticos e tentativa de golpe. Moraes é o relator de diversos inquéritos que envolvem Bolsonaro e seus aliados.
Enquanto parte da classe política vê a decisão como um avanço no combate à impunidade, parlamentares aliados ao ex-presidente classificam a medida como autoritária.
A ação repercutiu rapidamente. A senadora Margareth Buzetti (PSD) se manifestou publicamente, afirmando que “ninguém está acima da lei, nem mesmo um ministro do STF”. Em seguida, declarou: “Vou assinar agora o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes”. O senador Wellington Fagundes (PL) também assinou o documento.
Já o senador Jayme Campos (União) foi cobrado diretamente por Ranalli nas redes sociais. O vereador publicou um vídeo pedindo que o parlamentar também se posicione a favor da abertura do processo de impeachment.
A expectativa agora se volta para a possível adesão de outros senadores ao pedido. Apesar do apelo popular em determinados segmentos, especialistas apontam que as chances de o processo contra um ministro do STF avançar no Congresso Nacional são extremamente baixas.