O presidente Lula dissipou hoje qualquer dúvida sobre como pretende conduzir a política econômica: será mantida da maneira como está. Em declarações a jornalistas durante coletiva no Palácio do Planalto, o presidente afirmou que não houve rombo fiscal no ano passado, que a política de gastos públicos reflete responsabilidade fiscal e que não prejudicará populações vulneráveis com cortes em programas sociais.
Horas mais tarde, o ministro da Fazenda reiterou que tudo está sob controle, acrescentando que os preços dos alimentos tendem a se estabilizar, o dólar deve depreciar e a taxa de juros já atingiu o patamar necessário para desacelerar a economia — ou seja, não há necessidade de novos aumentos.
Essas afirmações e posturas parecem ser o principal resultado da primeira ação que Lula realiza ao chegar ao Palácio do Planalto para trabalhar: reunir-se com seu chefe de propaganda política, que atuou como estrategista de marketing em sua última campanha.
A visão que o presidente manifesta sobre a economia entra em conflito direto com a de especialistas em contas públicas. Para estes, o déficit fiscal, a dívida pública em ascensão e os gastos que sistematicamente superam as receitas resultarão em inflação persistente, retração econômica, juros elevados e perda de credibilidade — fatos já evidentes no cenário atual.
Em outras palavras, as medidas adotadas por Lula em seu terceiro mandato até agora não produziram os resultados políticos esperados. Surge, então, a pergunta inevitável: “Plantando a mesma coisa, vai mudar a colheita?”